Gene Roddenberry, um visionário do mundo do entretenimento e além

Por Lalá Ruiz*

Em 1963, a Desilu, na época uma das maiores produtoras independentes de televisão de Hollywood, iniciou a busca por um programa que pudesse substituir, no horário de exibição e em sucesso, a aclamada série Os Intocáveis – iniciada em 1959, a produção detetivesca com histórias baseadas no livro de memórias homônimo escrito por Eliot Ness e Oscar Fraley, sairia do ar naquele ano depois de quatro temporadas.

Quando a empresa – cujos proprietários eram a comediante Lucille Ball e seu marido, o músico e ator Desi Arnaz – contratou o roteirista, produtor, diretor e agente de talentos Herbert Solow para trazer projetos para o estúdio, de cara ele apareceu com duas propostas e as apresentou a Lucille Ball. No caso, eram os roteiros de Missão: Impossível, criação de Bruce Geller, e de Star Trek, de Gene Roddenberry.

Por pressão da atriz, a Desilu apostou em Star Trek, mesmo com o alto custo de produção, e o piloto da série foi então vendido para a rede NBC. Os executivos da emissora não gostaram do resultado, mas pagaram por um segundo piloto por enxergarem um algo a mais no conceito da série. De forma que o novo piloto foi filmado, aprovado e Star Trek ganhou data para estrear: 8 de setembro de 1966.

O resto da história é bem conhecido pelos fãs, já que daí nasceu uma das mais bem-sucedidas franquias da história da TV e do cinema de todos os tempos. E Gene Roddenberry, cujo centenário de nascimento é comemorado em 2021, teve seu nome inscrito no rol dos grandes inovadores e visionários do mundo do entretenimento e além – muitos artefatos usados na série, como o telefone celular, “migraram” para a vida real.

Mas, quem foi Gene Roddenberry?

Eugene Wesley Roddenberry nasceu em 19 de agosto de 1921 na cidade de El Paso, no Texas, Estados Unidos. Antes de se consagrar como roteirista e produtor de televisão, esse filho de policial e dona de casa foi piloto da Força Aérea norte-americana, tendo, inclusive, servido na Segunda Guerra Mundial.

Após deixar o serviço militar ao final do conflito, em 1945, atuou na aviação civil – foi piloto da extinta companhia aérea PanAm – e na Polícia de Los Angeles como sargento. Começou a trabalhar na TV como roteirista freelancer de séries como os dramas Dragnet, Highway Patrol e Dr. Kildare, além do western Have Gun – Will Travel, que no Brasil ficou conhecido como Paladino do Oeste.

Sua primeira série, The Lieutenant (O Tenente), foi produzida pela Arena Productions, braço da Metro-Goldwyn-Mayer, e exibida nas noites de sábado pela rede NBC entre 1963 e 1964. A trama, ambientada em uma base do Corpo de Fuzileiros Navais em San Diego, nos EUA, nos tempos da Guerra Fria, tinha como personagem principal o segundo-tenente William Tiberius Rice (seria o nome do capitão James T. Kirk uma homenagem?).

Para se ter uma ideia da importância de Roddenberry na indústria do entretenimento, ele foi o primeiro roteirista de televisão a ganhar uma estrela na famosa Calçada da Fama de Hollywood, em 1985.

Ele morreu em 24 de outubro de 1991, em Santa Mônica, na Califórnia, devido a complicações em consequência do abuso de drogas estimulantes. Um ano depois, suas cinzas foram levadas para o espaço pela Space Shuttle Columbia. Mas, de acordo com a revista Galileu, foram trazidas novamente à Terra para não contribuir com o aumento do lixo espacial.

Uma curiosidade.

Para diferenciar Star Trek de outras séries de ficção científica que estavam sendo produzidas na década de 1960, Herbert Solow sugeriu a Roddenberry que cada episódio fosse tratado como um acontecimento passado, com o Diário do Capitão “atualizando” os telespectadores sobre os fatos ocorridos.

EM TEMPO: o perfil de Gene Roddenberry no site Imdb.com (https://www.imdb.com/name/nm0734472/?ref_=fn_al_nm_1) traz a relação completa de seu trabalho na televisão e no cinema, assim como obras inspiradas em suas ideias, como por exemplo, a série Andrômeda – exibida entre 2000 e 2005, foi produzida pela viúva de Roddenberry, Majel.

*Lalá Ruiz é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Atuou por quase 30 anos na imprensa campineira. Atualmente, é assessora de imprensa do Instituto Anelo, de Campinas, e assina a coluna O Assunto é Vinho no site Entre Sabores.

Comentários

Postar um comentário